domingo, 19 de setembro de 2010

SERÁ AMOR?

Concebo o amor não como uma coisa melosa ou bordada pelos contornos melancólicos de uma dependência patológica a que muitas vezes confundimos com “relacionamento a dois”.
Configuro o amor; não como o sacrifício do eu em favor do outro ou do outro em favor do eu. Ao contrário, enxergo a possibilidade de amor; de amar e de se amar, onde há perspectivas de construção recíproca, nas diferenças, no novo, no desconhecido, enfim; no que não é você.
Não quero uma vida inteira de amores, quero algumas horas de amor.
Não quero morrer de amores, quero viver na possibilidade de amor.
Não me vejo tampouco no amor; enclausurado em muros cinzas de puro convencionalismo, sem identidade, sem vontades e sem mim mesmo, como acontece na mentira para a qual inventaram o nome enfadonho de casamento.
Percebo e encontro-me no amor, em campos de espaços incomensuráveis, de liberdade infinita, de vontades saciadas, de somas do eu mais do outro que resultarão em nós dois. Sinto-me no amor, sobretudo na união e consequentemente comunhão, à qual deram genialmente o nome de cumplicidade.
Saulo Oliveira

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