Sofro pela capacidade excepcional que tenho de me achar e paralelamente me perder no que acredito.
Angustia-me idealizar o que quero e querer o que idealizo.
O estado imutável de dúvidas no qual vivo enclausurado se configura num fatalismo indubitável, que me dá vida, mas que contraditoriamente me mata um pouco todos os dias.
Desespera-me o fato de que o remédio que me cura, por vezes se transfigura em pavoroso veneno que me tira a vitalidade e me lança ao abismo inóspito e de fundura sem fim.
Afinal, por que quero o que quero e não o que preciso?
Saulo Oliveira