segunda-feira, 7 de março de 2011

Caminhando e mudando...



Uma sensação boa, mas desconfortável.
Ela penetra timidamente pelas vias respiratórias,
Trazendo consigo todo o ar que respiro, e por isso mesmo sendo a responsável pela minha manutenção.
Poucos segundos bastam, para que eu não mais sinta os meus pés no chão, e meu estômago se transforme num intenso e ininterrupto espetáculo de contorcionismo!
A cada passo avante, em que me atrevo e permito-me, não sou o mesmo; sinto-me inseguro e vacilante, mas sei que preciso ir.
Por vezes volto minha cabeça pra trás inutilmente, pra ver se enxergo migalhas ou sombras de silhuetas do que ficou.
Logo a dor não demora em aparecer em cena e se mostra tão inescrupulosa e insensível.
“Vou a nocaute outra vez”.
Ergo-me e volto à superfície sofregamente, encho os pulmões de ar, não aquele ar infectado de outrora, mas um ar puro e não mais desafiador.
Descubro-me diferente; outro. Sorrio e vou em frente, resmungando palavras indóceis e cismando com os meus botões: Como é doloroso o ato de caminhar!

Saulo Oliveira

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