segunda-feira, 18 de junho de 2012

Mocidade, amores, desvãos...

Se você tivesse pedido para ele insistir, decerto não teria desistido.
Por que disse que não sentia nada pelo pobre rapaz, mesmo sentindo? Por que o deixou plantado na porta da rua cheio de dúvida e amor, ao invés de deixá-lo entrar?

— Juro que teria lutado, com toda a força. Contra o mundo, contra os muros, contra os contrários! Teria, sobretudo, esperado o teu momento. — Assim anuncia o moço, tetricamente pelos cantos.

Ele, com seu realismo exagerado, reconhece que a cada dia que se passa, a menina torna-se mulher, uma linda mulher; e percebe que agora se vai, e que talvez seja tarde. Repara que o tempo faz esquecer.

Sabe ainda que o tempo desbota as cores, deteriora as tonalidades, apaga as luzes e corta a potência.

Afinal, pondera: — o amor, e no amor, só tem sentido quando ambos querem, quando ambos dão sinais.

— Pois prova maior do gostar é deixar ir quando tudo clama pelo contrário!— Como diz o dobrador de sentimentos.

Saulo Oliveira


2 comentários:

  1. Lindo! Faz tanto bem gostar assim! Talvez se eu tivesse deixado alguém à porta hoje houvesse quem me pedisse pra entrar. Mas: "prova maior do gostar é deixar ir quando tudo clama pelos contrários."

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  2. Lindo é o jeito como você pega a essência das coisas! A literatura é uma bênção.

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