E ter os cabelos escorrendo em suas
mãos sem o ter.
Num gesto de carinho se vai a atenção
numa lembrança que, teimosa,
Insiste no que não pode, no que não é
pra ser.
Essa solidão é rasteira, ela é sutil; essa solidão a dois, também vem acompanhada de vazio;
Sem que minha distração deixe de
notar e perceber;
Pois essa solidão é tão solidão.
O hálito, o cheiro do corpo, os pés
descalços pela casa;
A geladeira que se abre na altura da
noite, e a camisa larga que se encontra com perfeição.
O certo é que não há certo! A vida, essa
vida é um grande mistério, do qual saímos sempre sem antes desvendar.
Tempo não há para pensar, para
desperdiçar, para ser sensato ou discreto.
Há a vontade!
No final, lá no finalzinho, quando
nada for voz ou grito,
Quando tudo for gemido e suspiro,
Não terei vergonha em dizer que amo
de madrugada,
Que amo amores impossíveis, irreais;
Que faço versos trançados com a minha
própria dor,
E rejeito uma fórmula mágica de ser só
um, de se encontrar em um.
Essa solidão a dois... Que não é
pecado de tudo, que não é só luxúria,
Mas que, também é procura.
Saulo Oliveira
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