O
frio de junho nos Gerais; a sala cheia e os meninos, maliciosamente, insinuando além
de nossa amizade e carinho mútuo escancarado, nos constrangendo.
Dizem
que era tua despedida, eu digo que foi tua estreia num universo que pode ser
compreendido, menos como um ofício que, como uma missão. Pegar nas mãos dos
pequenos enquanto ainda tateiam pelas paredes crespas e hostis do mundo, não
deve ser outra coisa, senão missão. Em minha memória estão eternizados, ao menos,
dois professores.
Pois
bem, o que eu quero dizer é que, naquela tarde tudo era o mesmo! A espontaneidade
que encanta era a mesma; a maturidade impressionantemente esculpida num rosto
de adolescente era a mesma. Eu quis falar, mas não podia... Quis, mas não devia,
e nem devo.
Aproveito para dizer ainda que, também era o mesmo o teu amor pelo teu Deus, pelos teus
santos e às tuas causas, e isso é tão bonito.
Nasceste
com a difícil tarefa de harmonizar a instabilidade mundana, e por isso caminha em
direção oposta à maioria. Vês como o
velho Quixote e segue resoluta, pelo caminho metafórico de Cristo.
Gil, numa canção, canta que a fé não costuma falhar. Penso o mesmo, embora não seja religioso. A tua é sólida!
Gil, numa canção, canta que a fé não costuma falhar. Penso o mesmo, embora não seja religioso. A tua é sólida!
Roubei
de uma outra música esses dias: a gente não precisa estar junto para estar
perto...
...
podemos, perfeitamente, seguir! E, no entanto, nossa amizade pode ter o tamanho
da tua fé e durar até o nosso último pôr-do-sol. Você daí, eu de cá, e os raios
do crepúsculo aquecendo nossas casas, vidas, almas, velhice, e lembrando-nos da nossa existência.
Quero
ainda, se não for demais, te confessar, bem baixinho, para que ninguém mais
saiba, que a rebeldia e inconstância, marcas tão clichês, já se descolam do meu
couro.
Ganho
idade e minhas vontades tornam-se ações.
Saulo Oliveira