Mais
poético é o caso de um homem que se propõe um fim que não está vedado a outros,
mas sim a ele.
Jorge
Luis Borges: O Aleph, A Procura de Averróis.
... vai se equilibrando
desengonçado na linha fina que o traz de volta ao mundo; que o desatola de uma
vontade imensa e irresistível de não fazer nada. Vai assim, aos poucos, se recompondo,
se ajeitando, tomando fôlego, se contorcendo no colchão, já fundo, sobre uma pilha,
que a cada mês só cresce, de papéis de letras miúdas, misturados a fotos
antigas, ainda saborosas, a rascunhos que, desejava não ter traçado, e a
jornais escritos por gente séria, sisuda, com um papo cabeça e preocupadas em
resolver tudo e deixar tudo como está!
... vai tentando se convencer
de que precisa, realmente, sair no dia seguinte. Tentando acreditar que, tem um
compromisso.
Noite alta, e resolve que
não há nada que supere o prazer do silêncio voluntário e de um gole d’água
fresca antes de deitar.
A suspeita de que talvez não consiga dormir, não lhe agoniza; é agora experimentado na prática de enganar a insônia; a descansar a cabeça em meio à confusão e o movimento desordenado lá de fora. A crença agora é na volta do artista, daquele músico trovador de bobagens que, rompia horas e angústias com notas dissonantes encontradas e esquecidas com a mesma facilidade de uma ereção juvenil. Percebe uma marca, possivelmente um defeito de fábrica que não reparara antes, no braço do violão. Seus dedos alcançam alguns acordes com dificuldade. Desiste, e um instante depois, adormece depressa.
A suspeita de que talvez não consiga dormir, não lhe agoniza; é agora experimentado na prática de enganar a insônia; a descansar a cabeça em meio à confusão e o movimento desordenado lá de fora. A crença agora é na volta do artista, daquele músico trovador de bobagens que, rompia horas e angústias com notas dissonantes encontradas e esquecidas com a mesma facilidade de uma ereção juvenil. Percebe uma marca, possivelmente um defeito de fábrica que não reparara antes, no braço do violão. Seus dedos alcançam alguns acordes com dificuldade. Desiste, e um instante depois, adormece depressa.
O passo é largo, as ruas, ao
contrário, parecem estreitas. As meias que usa lhe confortam e esquentam os
pés, numa manhã tão gelada e cheia de névoa que não consegue enxergar o que
está à sua frente. Segue de maneira intuitiva pelo som. Ouve o eco que sua bota
provoca em contato com o solo rude e molhado da calçada. Recebe como resposta
as buzinas desalinhadas dos ônibus que sobem, cheios, uma avenida sem acesso transversal,
e por isto, distante dali.
Tudo no caminho vai se
estabelecendo, se encaixando à medida que caminha. Tal como num poema, onde as
letras às vezes parecem não encontrar espaço nem tempo adequado onde repousar,
as cores se turvam e se confundem com a invasão do astro que irrompe tímido,
espremido e sufocado pelas nuvens donas do céu. Vê que, briga é coisa de
amador!
O sol se rende e o riso lhe vem fácil!
Saulo Oliveira
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