segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Mais uma lindeza do mestre Djavan.


MAÇÃ

Dois Pontos...

FUTUROS AMANTES

Eu sei que nada é pra já!
Mas a minha vontade não.
Você diz que é pra eu não me afobar;
Porém essa minha pressa em viver, em beber a vida num trago só,
Suspira e geme pelo contrário.
Nada me agrada, e são raros os momentos plenos;
São raros os momentos de encontro.
O meu tesão não me convence mais.
Quero o reencontro;
O reencontro destas duas metades errantes.
A metade dos lados do mar,
E a outra metade ainda submergida sob o asfalto e o pó.
Essas duas metades que ainda não se conhecem,
Que ainda se escondem.
Uma questão de tempo e insistência
Para que elas se alcancem,
Para que elas se intercalem;
E aplaquem a agonia da distancia.

Saulo Oliveira

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Diálogos Emendados

Reflexos e contornos ficam para trás.
E pairam no ar imóveis;
Esperando perguntas que nunca serão feitas, e respostas que jamais serão elucidadas.
Traços do cotidiano de outrora se apagam, aos poucos se vão;
Irremediavelmente numa cascata ininterrupta de memórias e lembranças substituídas.
Não facilmente substituídas, tampouco intencionalmente substituídas,
Mas à custa do trabalho e força implacáveis do tempo.
—Me pego invariavelmente paralisado de realidade, preciso transcender! — disse certa vez a alguém.
Quanto mais se sacrifica a vida, mais a vida e o tempo são seus aliados;
Assim diz uma canção, que não sei por que motivo me acompanha.
O que restou?
O que restou foi a fumaça sombria de cigarros esporádicos madrugada adentro;
Madrugadas lindas, do outro lado,
Num canto estrategicamente de costas para o progresso da cidade.
O que sobrou?
O que sobrou foi a saudade; saudade de conversas interessantes e simpáticas
De passeios gratuitos pela noite quente.
O que ficou?
O que ficou foi um velho e patético instrumento de cordas,
Pouco utilizado, mas que me acompanha há anos.
Instrumento ocioso, quando não inútil na maior parte do tempo;
Mas que às vezes também saem acordes maiores e sustenidos de
Sonhos e possibilidades, se nos permitirem sonhar.
Outra canção diz: — não adianta mesmo ser livre, se tanta gente vive sem ter como comer!
— Queria ter uma bomba, um flit paralisante qualquer, pra poder me livrar do prático efeito...
Pra poder me livrar do pobre carnaval de ilusões; e deixar de ser um transgressor de limites.
Me livrar das promessas de um futuro bom.
Dos pileques homéricos pelo mundo, das frases de efeito para impressionar.
Me livrar do que fora antes o meu lume, e somete apostar...

Saulo Oliveira