sexta-feira, 28 de junho de 2013

Rodoviária... Um ano depois...

Mais velho. Não menos apaixonado. Não menos curioso!
Desta vez, deixando amores também do lado de cá; deixando reticências em linhas a serem preenchidas na volta.
A mochila, a mesma, só que, com marcas de expressões tal qual o dono; dadas pelo tempo a fim de atestar a experiência adquirida e a passagem cheia... Cheia de idas e vindas.
Antes da partida, um tempinho para o café, a água, o cigarro e também para uma rápida revirada na memória e ai o cheiro de lenha queimando na madrugada de 23 de junho em meio a comida e alegria incontida.
... as ruazinhas tão bem ornadas de bandeirolas de cores diversas e chamativas.
Antes da partida, um tempo ainda para espiar  meus companheiros de rodoviária; prováveis amigos de estrada, de conversas furtivas. Não nos conhecemos. Nem sequer imaginamos que à frente nos conheceremos. Que compartilharemos histórias, infortúnios, risos!
No entanto há algo que sabemos a priori. Talvez o elo mais consistente que nos liga: o sonho escondido nas muralhas da cidade; a metrópole a ser desvendada.
Vislumbro ali no canto, esparramadas sobre a bagagem farta, aquelas mesmas meninas entediadas, procurando consolo nas teclas do celular. Mas já não são as mesmas; parecem mais maduras, mais seguras, confiantes. Ou são meus olhos? Talvez sejam meus olhos. Talvez seja eu mesmo. O fato de não precisar mais se livrar de nada.
O que importa é que tenho motivos para voltar!
... o colo quente da menina índia... O texto embolado na gaveta, inacabado!... O coador de pano encardido sobre a pia, transbordando pó fresco para mais uma dose numa manhã chuvosa de sábado, ou numa madrugada varada de domingo.
... a roupa na máquina e um intervalo para mais uma cerveja.
... pinçar frases e sentidos de músicas ouvidas repetidamente, à exaustão. Como esta: e cada coisa perdida, perdidamente pode se apaixonar!
Deixo mais! Deixo a capital fervilhando de gente nas ruas, aturdidas por mudanças. Sem ainda uma proposta clara a seguir, mas seguindo assim mesmo. me arrepio de pensar como foi louco e lindo aquilo.
Como o ar de rodoviária faz bem. Toda essa gente ansiosa, falante.
Não há lágrimas, não há beijo. Não há mulheres penduradas em pescoços e nem homens de olhos vermelhos reprimindo emoções. Há somente uma imensa e revigorante vontade de chegar.

São Paulo, 19 de junho de 2013, Rodoviária do Tietê.

Saulo Oliveira