A espontaneidade dos corpos banhados de suor e Sol,
A preguiça esperta e disfarçado sob a sabedoria de um povo alegre que sofre.
Na Bahia tem...
O cheiro forte e atraente de samba que insistentemente exala da mestiça mulata quente de sorriso febril.
Na Bahia tem...
O dedinho de prosa sobre as calçadas e em frente às portas, animado pelo aroma inebriante de pau, pedra, terra e campo, anunciando a iminência de um café porreta.
Na Bahia tem...
Os pés descalços; as mãos calejadas e ainda cansadas da labuta, que uma vez repousadas sobre o corpo d’um violão; produz magia, música e axé.
Na Bahia tem...
Homens e mulheres retados;
Que não hesitam e tampouco têm medo de amar.
Que sorriem, ainda que sem motivos,
E que choram amiúde a perda diária da esperança que rodeia suas casas, e por teimosia dolosa não entram.
Trazendo consigo todo o ar que respiro, e por isso mesmo sendo a responsável pela minha manutenção.
Poucos segundos bastam, para que eu não mais sinta os meus pés no chão, e meu estômago se transforme num intenso e ininterrupto espetáculo de contorcionismo!
A cada passo avante, em que me atrevo e permito-me, não sou o mesmo; sinto-me inseguro e vacilante, mas sei que preciso ir.
Por vezes volto minha cabeça pra trás inutilmente, pra ver se enxergo migalhas ou sombras de silhuetas do que ficou.
Logo a dor não demora em aparecer em cena e se mostra tão inescrupulosa e insensível.
“Vou a nocaute outra vez”.
Ergo-me e volto à superfície sofregamente, encho os pulmões de ar, não aquele ar infectado de outrora, mas um ar puro e não mais desafiador.
Descubro-me diferente; outro. Sorrio e vou em frente, resmungando palavras indóceis e cismando com os meus botões: Como é doloroso o ato de caminhar!