terça-feira, 5 de outubro de 2010

Viva!


Viva a confraternização dos dois EUs!
Confraternização?
Viva a guerra entre eu e eu!
Pois bem; senão na alegria, na dor.
Num emaranhado multifacetado de sensações no pensamento
Num grito pungente de gozo e desespero
Na circulação nervosa e pulsação sôfrega das artérias cerebrais
É a negação como progenitora da verdade e do mito
Admito que só posso ser sendo eu hoje e outro amanhã.

Saulo Oliveira

domingo, 3 de outubro de 2010

Epifanando

Ando só pois só eu sei...
Vejo sob um céu negro luzes tímidas e omissas, de maldades silenciosas.
Ando entre transeuntes ignorantes de sua própria grandeza; simplesmente agradecidos pela concessão torpe de chorar no mundo.
Grito espremido em muros de concreto que construí durante toda a minha vida, e ouço ecos medonhos de alguém que reluta por sair do conveniente e do óbvio.
Sinto o ar pudico, que toca minha pela crespa, na tentativa inútil de quebrantar a rusticidade.
Mas enfim, tudo é tão fugaz! Passará tão logo eu pise o chão de realidades.
Saulo Oliveira

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

S.E



Sob os pés calejados de um velho senhor, sentado numa calçada suja empoeirada, visualizo uma flor que se rompe abrupta e formosa.
Toda ela mesma molhada de pura sensualidade; de face ardente e libidinosa.
Toda ela mesma encharcada de convite à realidade.
Toda ela mesma mediadora do concreto e do abstrato.
Vai assim nascendo e se espalhando sem pedir licença.
Ah Natureza indomável! Subversiva fulô que já não mais irradia os jardins alheios.
Quem dera tivéssemos força pra lhe seguir a ação.
Saulo oliveira